domingo, 15 de agosto de 2010

IDEOLOGIA


Oi meus queridos alunos.
Vamos trabalhar com músicas?
Escolhe uma música que tenha relação com os conteúdos que estamos estudando em nossas aulas. Analise a sua letra . Depois é só escrever um texto relacionando a música com os conteúdos.
A seguir tem um exemplo .



Ivanilda Freitas Dornelles


O QUE É IDEOLOGIA?

Ao assistir o videoclipe da música Ideologia de Frejat e Cazuza, algumas palavras e frases se sobressaem sobre as demais . São elas: “partidos, sonhos, ilusões, mundo, poder, viver, prazer, vida, mudar o mundo, assiste a tudo em cima do muro, meus heróis morreram, meus inimigos estão no poder, eu quero uma ideologia para viver”.Os "partidos" representam um grupo de pessoas com mesma ideologia . Os Partidos Políticos possuem uma Ideologia/Estatuto próprios, por exemplo. Neste caso, uns são de “esquerda”, outros de “direita” e muitos de “centro-esquerda”, “centro-direita” ou “centrão”, como aparece popularmente na mídia.

Mas, essas ideologias político-partidárias, no mundo globalizado e neoliberal estão muito confusas e dissimuladas e visam, sobretudo, seus próprios interesses, especialmente em épocas eleitoreiras, onde o número de partidos aliados em coligações, ás vezes, possuem ideologias antagônicas. E, quando ocupam o poder (Executivo ou Legislativo), na maioria das vezes, não representam os interesses dos seus eleitores e nem seguem a ideologia do partido que os elegeram.

Essa situação vem ao encontro das idéias de Gramsci, de que a hegemonia da ideologia dos grupos dominantes se estabelece no poder a partir de alianças, consensos, acertos e não confrontos a fim de unirem-se em seus propósitos.
Meus inimigos estão no poder”! Mas quem os colocou lá? Vivemos numa democracia. Que ideologia defendemos enquanto cidadãos? A escola deve trabalhar no sentido de esclarecer os educandos sobre as inúmeras ideologias e fazê-los optar e defenderem uma que os promovesse como sujeitos rumo aos seus ideais de vida.
Vivemos num mundo de sonhos, de ilusões, onde os prazeres da vida se resumem a luta pela sobrevivência no emprego, nas questões básicas de alimentação, vestuário e moradia.
Sonhamos em mudar o mundo”! Esta ideia era muito mais real no século passado, embora houvesse uma grande repressão política pelos Aparelhos Repressivos do Estado, como nos coloca Althusser.

Os movimentos sindicais, estudantis entre outros encontram-se tênues atualmente, fruto da atual conjuntura politíco-econômica.
Nossos “heróis morreram” todos? Quem eram esses líderes das classes dominadas? Onde estão? A política ideológica das classes dominantes era mais visível e afrontava quem houvesse discordar. Enquanto hoje é mais dissimulada e, por conseguinte neutraliza mais as classes dominadas que acabam não percebendo o jogo de poder.

A música nos coloca que hoje muitos ficam “em cima do muro”, isto é, não querem se comprometer ou até por medo de perderem seus empregos ou parcos privilégios.

Por outro lado, a política de “estado mínimo” e as privatizações contribuíram muito para isso.

Na escola é muitas vezes representada pelo professor “neutro” segundo Paulo Freire(1993:206)
Eu quero uma ideologia para viver”, diz a música em análise. Vladimir Lenine, segundo o texto escrito por Vitor Marinho de Oliveira, diz que todas as classes possuem uma ideologia própria. E, Gramsci amplia mais a visão de ideologia colocando que a mesma abrange tudo o que está organizado no plano das idéias e rejeita o caráter negativo do termo (visão marxista), assim como Lenine e Lukács.
Oliveira coloca que segundo Engels “os homens são produtos das circunstâncias e da educação” (materialismo histórico). A ideologia da classe dominante se mantém através dos “meios de produção material e espiritual”.
Daí surge à crítica, como forma de oposição e a essa ideologia dominante, que inclusive transforma o homem em mercadoria, já descrito por Marx e ratificado por Engels.
Nesse aspecto é importante o papel do professor e, sobretudo da Escola.

Paulo Freire dizia “O educador tradicional e o educador democrático têm ambos de ser competentes na habilidade de educar [...] Mas o tradicional faz isso com uma ideologia que se preocupa com a preservação da ordem estabelecida. O Professor libertador [...] tentará desvendar a ideologia envolvida nas próprias expectativas dos estudantes”. (1993:86).
Portanto, existem várias ideologias, porém, sobressaem-se as dos grupos dominantes uma vez que são os mais poderosos e acabam influenciando mais a sociedade , especialmente através da mídia.

REFERÊNCIAS:
OLIVEIRA, Vitor Marinho de. Ideologia: atualizando a reflexão. Disponível em:Acesso em 08 ago. 2010.
VAISMAN, Ester. Althusser: ideologia e aparelhos de Estado – velhas e novas questões. Projeto História, São Paulo, n.33, p. 247-269, dez. 2006. Disponível em: Acesso em: 21 jul. 2010.
FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e Ousadia: O cotidiano do professor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993. 5ª ed.
VIDEOCLIPE Ideologia de Cazuza e Frejat.